segunda-feira, 6 de outubro de 2014

EU Lolita - O dia em que me apaixonei por um coco verde.



Minha almofada vermelha foi minha primeira paixão só a esqueci quando conheci o Francisco, o coco.


Olá, eu sou a Lolita, quando fui adotada eu já era adulta, naquela época eu estava morando na rua, lembro que fedia de tanta sujeira e também de um odor horrível que exalava de meus ferimentos decorrentes de minhas caminhadas, enquanto perdida pelas ruas da Aldeia, lá eu tinha apanhado muito: alguns animais que me chutavam, me batiam com pedaços de madeira e com outros objetos que voavam em minha direção, bastavam me ver toda indefesa passeando pelas calçadas que me maltratavam feito um saco de pancadas vivo, ainda tenho uma cicatriz enorme escondida embaixo dos meus caracóis. Lembro que eu também estava com muita fome e morrendo de sede quando a Mãe me encontrou implorando por um pouco de qualquer coisa: valia até mesmo e, somente um cafuné. Só isso já bastava para me alegrar o dia, nem precisa de me dar um gole d'água, nada mesmo, eu já ficava satisfeita só com um pouco carinho mas, foi melhor: ganhei muito mais do que um afago, ganhei uma família. 
Até hoje ainda me assusto quando alguém tenta chegar perto de mim sorrateiramente, ou pra me dar bronca, tenho a impressão de que vou apanhar, me encolho toda, me deito de barriga para cima tentando proteger minhas costas, é.. pois sei bem como é, também tenho uma costelinha quebrada, herança daqueles tempos ruins, lembro que se, alguém chegasse perto de mim eu até me urinava toda só de imaginar a dor que sentia levando pauladas.
Ainda bem que isso tudo já tinha passado, ganhei um lugar cheio de amiguinhos, e uma caixinha quentinha só pra mim. 
Tudo estava muito bem até que precisei sair, mudar de casa e ir para outro lugar: quando o Pai precisou trabalhar em outra cidade fui morar com ele, meio a contragosto no início mas, logo me acostumei com a rotina e com a casa nova, lá eu tinha uma casinha só minha porém fiquei sozinha mas, eu cuidei muito bem do Pai, até defendi as coisas dele quando um ladrão entrou em casa e furtou quase tudo, fiz barulho, lati muito e ninguém veio me ajudar, levei um pontapé, me sujei de dor mas, não desiste até que os bandidos fossem embora.
Enfim, adotei o Pai pra mim, mudamos para outra casa, era maior e também tinha um quintal grande, lá eu fiquei mais tranquila, era tudo pra mim, foi lá que eu conheci o Francisco, o coco.
Ele era um coco verde muito bonito que ficou escondido lá no quintal junto com o material orgânico para compostagem mas, era muito bonitinho pra ficar em decomposição, comecei a conversar com ele eu latia e, ele muito tímido ficava quieto não respondia mas, bastava eu dar um tapinha nele e ele saia rolando de felicidade, eu corria para um lado, ele rolava meio torto e desengonçado para o outro lado, ele era muito desajeitado: corria pra se esconder, se enfiava em qualquer canto só pra me provocar. Me diverti muito por vários dias, gostei tanto dele que comecei a namorar com ele e, eu sei que era recíproco porque ele ficava quietinho do meu lado e eu não gostava que o tirasse de perto de mim, ah! eu virava uma fera e corria pra buscará-lo de volta, eu dormia toda noite com ele bem do meu lado.
Numa tarde quando o Pai percebeu que eu gostava dele de verdade, foi quando eu me apaixonei de vez pelo coco, o Pai pegou uma caneta preta e desenhou os olhos o focinho e também um deu um rabo e os pezinhos para o Chico, ah! Aí sim ele ficou mais bonito! Não rolava tanto mas ficou mais bonitinho, eu tirei os pezinhos dele e ele ficou feliz de novo.
Namorei com ele até ele envelhecer, perder a cor e murchar feito um maracujá passado, foi amor à primeira vista, namoramos todos os dias, eu comia, dormia, brincava, corria, fazia de tudo com ele. Eu morria de ciúme dele também, nem o Pai podia mexer nele. Eu ficava o dia todo deitada ao lado dele, e não o deixava sair de perto de mim pra nada, nem pra comer: eu o levava para todo canto até pra dentro de casa. 
Mas infelizmente acabou, o meu namorado Francisco, o coco, foi embora. 
E eu, hoje estou gordinha, feliz e sou muito grata por fazer parte da família, durmo dentro de casa com todos que me adotaram e com o Pai que eu adotei.





2 comentários:

  1. Aguarde e fique de olho nas estórias que serão postadas, são muitos amiguinhos maltratados.
    Também terá muitos depoimentos de felicidade, acompanhe a vida dos Pets.

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